Por Marília Araújo
Eu estava lá, ao lado da porta, pedindo que me ajudassem a subir a rampa íngreme. E
você, nem a minha presença sentiu. Eu estava lá, na calçada, sem saber se o
sinal abriu. E você tampouco me viu.
Eu pedi ajuda, com gestos simples, e
parece que isso te amedrontou. E quando não pude ouvir o que disse, você de
pronto me ignorou.
Eu precisei de educação de qualidade,
e você não atendeu. Mostrou quanto era difícil adaptar a escola para “uma
pessoa como eu”.
Você viu o meu currículo e quis me
contratar, mas ao ver minha diferença, precisou ensaiar desculpas para me
incapacitar.
Tudo isso foi tão pouco, mas se lhe
pareceu casual, permita que eu informe: isso não é natural. Se ainda existe
discriminação, quem é deficiente, afinal?