Após entrar em vigor, o Estatuto da Pessoa com Deficiência ganha versão em braile. Observando uma carência de títulos nessa língua, o Senado disponibiliza uma versão para organizações e bibliotecas que trabalham com cegos. Reportagem completa no site da Agência Senado. (Luiz Lambert)
Senado lança
versão em braile do Estatuto da Pessoa com Deficiência
Por Agência Senado
O Senado lançou uma versão em braile do Estatuto da Pessoa com Deficiência
(Lei 13.146/2015), que entrou em vigor em julho e assegura uma série de
direitos e garantias para pessoas com algum tipo de limitação física ou
intelectual. Impressa pela Secretaria de Editoração e Publicações, a Gráfica do
Senado, a nova versão do texto legal está disponível para organizações e
bibliotecas que trabalham com cegos.
— Para receber a publicação em braile, essas instituições entram em
contato com a Ouvidoria do Senado — explica Florian Augusto Coutinho Madruga,
diretor da Gráfica. O telefone é 0800 612211. O e-mail, ouvidoria@senado.leg.br.
Florian ressalta que, apesar do número elevado de pessoas com
deficiência visual no país, há uma grande carência de títulos em braile, pois
as editoras privadas não publicam nesse sistema de escrita. O diretor lembra
que os pedidos chegam de instituições não apenas do Brasil, mas também de
Portugal.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência integra uma lista de 119 títulos
produzidos pelo Senado. Há, por exemplo, folhas impressas com os hinos
Nacional, da Independência, da Bandeira e da Proclamação da República, além do
Jornal do Senado, com periodicidade mensal, da Constituição Federal, do Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa, do Código de Defesa do Consumidor e do
Estatuto da Criança e do Adolescente, entre vários textos legais. A lista
completa está disponível no endereço www12.senado.gov.br/publicacoes/braille/RelaopublicaesBraille.pdf.
Revisores
Baseado em seis pontos em relevo, cuja combinação possibilita a
reprodução de letras, números e pontuação, o sistema de escrita em braile (ou
braille) existe desde 1825. A primeira versão foi apresentada pelo francês Luiz
Braille, que era deficiente visual. O processo de edição e impressão tem
algumas características específicas. Segundo a chefe do Serviço de Impressões
em Braile do Senado, Marinete Pontes Brito, o transcritor responde pela
reprodução, nesse sistema de texto, do conteúdo originalmente impresso em
tinta. Por sua vez, o revisor verifica possíveis incorreções cometidas durante
a transcrição.
— Depois de todo o processo, se tudo estiver certo, o transcritor manda
o material para a impressão — afirma Marinete.
Quatro revisores cegos, dois transcritores e um impressor fazem parte da
equipe do serviço de braile do Senado. Jacob Luiz de Souza, um dos revisores,
está no Senado desde 2008, quando foi aprovado em uma seleção para a vaga.
Apesar de ter nascido sem visão, aos poucos aprendeu a substituir a vista pela
imaginação, trilhando sua própria trajetória sem aceitar os limites impostos
pela deficiência visual.
— Além de revisar, a gente também aprende diariamente. É muito
gratificante ajudar colegas de todo o país a exercerem suas profissões — afirma
Jacob, ao referir-se aos títulos das publicações em braile.
Nenhum comentário:
Postar um comentário