quarta-feira, 8 de abril de 2015

Rock e a Síndrome de Down – construção de ideais

Descrição para cegos: a foto
em preto e branco apresenta a
metade do corpo de uma guitarra
e, à sua frente, brinquedos, sendo eles:
um boneco do Mario Bros,
 um do Luigi, uma da pricesa Peach
 (do jogo Super Mario Bros),
uma bolinha e um boneco do Scooby-doo.

Por Luiz Lambert

O ano era 1998. Enquanto eu fantasiava ser roqueiro durante os intervalos do programa infantil que finalizou a minha infância, um produto publicitário marcava aquela época. Mesmo para poucos, a internet já era realidade no nosso país e o sinal da extinta Music Televison Brasil chegava na maioria das casas que eu frequentava. O rock, além da influência materna que me proporcionou o contato com Bob Dylan e Legião Urbana, chegava através da MTV e principalmente através da grande rede que já ensaiava modelos de compartilhamento de mídias.
Um fluxo de guitarras marcantes e uma linha vocal totalmente estranha ao que eu tinha como rock, somados a imagens em preto e branco de composição fotográfica caprichadas, fazia saltar aos olhos a ideia do preconceito que não precisava ser narrado. Essa era a propaganda institucional da Fundação Síndrome de Down, que resultou em um dos primeiros ‘virais’ que pude observar na rede: “qual é a música da propaganda do Carlinhos?”       

A música “Fake Plastic Trees” me fez fã do Radiohead até hoje e mesmo não tendo nenhuma ligação poética, melódica ou narrativa com a Síndrome de Down, fez muita gente refletir sobre o preconceito alertado, em um casamento perfeito de música e imagens. A propaganda totalmente diferente dos padrões de mercado, pois tinha uma duração de dois minutos e nenhuma narração, fazia com que confundíssemos o Carlinhos com o outro personagem, um garoto de rua. Uma música genial, uma peça genial e muita gente que conheço iniciou ali a construção do ser cidadão e do ser roqueiro.


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