Por Luiz Lambert
O
ano era 1998. Enquanto eu fantasiava ser roqueiro durante os intervalos do
programa infantil que finalizou a minha infância, um produto publicitário
marcava aquela época. Mesmo para poucos, a internet já era realidade no nosso
país e o sinal da extinta Music Televison Brasil chegava na maioria das casas
que eu frequentava. O rock, além da influência materna que me proporcionou o
contato com Bob Dylan e Legião Urbana, chegava através da MTV e principalmente através
da grande rede que já ensaiava modelos de compartilhamento de mídias.
Um
fluxo de guitarras marcantes e uma linha vocal totalmente estranha ao que eu
tinha como rock, somados a imagens em preto e branco de composição fotográfica
caprichadas, fazia saltar aos olhos a ideia do preconceito que não precisava
ser narrado. Essa era a propaganda institucional da Fundação Síndrome de
Down, que resultou em um dos primeiros ‘virais’ que pude observar na rede:
“qual é a música da propaganda do Carlinhos?”
A música “Fake Plastic Trees” me
fez fã do Radiohead até hoje e mesmo não tendo nenhuma ligação poética,
melódica ou narrativa com a Síndrome de Down, fez muita gente refletir sobre o
preconceito alertado, em um casamento perfeito de música e imagens. A
propaganda totalmente diferente dos padrões de mercado, pois tinha uma duração
de dois minutos e nenhuma narração, fazia com que confundíssemos o Carlinhos
com o outro personagem, um garoto de rua. Uma música genial, uma peça genial e
muita gente que conheço iniciou ali a construção do ser cidadão e do ser
roqueiro.
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