quinta-feira, 27 de novembro de 2014

E se fosse comigo?

Por Felipe Ramos
         
Descrição para cegos: um bebê com
Síndrome de Down deitado e sorrindo.
         Esses dias me peguei pensando como seria ter um filho. Na minha imaginação, pensei como deve ser mágico e também complicado, um grande misto de sentimentos. No entanto, meus pensamentos começaram a vagar por uma possibilidade: se neste dia tão sonhado meu filho nascesse deficiente? Confesso que pela primeira vez a ideia me deixou em choque. Conclui, então, que eu realmente ainda não sei acolher o outro que é diferente de mim.
         Após esse episódio, percebi que as maiores barreiras que as pessoas portadoras de deficiências encontram estão dentro de nós. Seja nos pequenos ou grandes gestos, em muitas situações o preconceito está em nós adormecido, escondido. Neste caso, percebi minha incapacidade de amar todos os dias alguém diferente do que imagino ideal, principalmente por ser parte de mim, como é um filho.
Entretanto, vale ressaltar que não estou aqui dizendo que sou um intolerante ou coisa do tipo. Não, não mesmo. Aqui deixo o registro fruto de uma reflexão de alguém que percebeu o quanto ainda precisa colocar em prática os ideais que defende, não só com palavras, mas com atos, principalmente se este ato for ser pai de uma criança deficiente. Na verdade, no fim de tudo, percebi que deficiente mesmo é o meu coração, que ainda precisa aprender a ser mais acessível aos outros, seja quem for. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário