Descrição para cegos: foto mostra o aluno Otto de Sousa, do Curso de Rádio e TV, sendo auxiliado por sua apoiadora, que lê alguns papéis. |
Por William Veras
Se
as dificuldades acadêmicas, barreiras e desafios já são visíveis para quem não
possui nenhum tipo de deficiência, imagine as dificuldades que uma pessoa com
alguma necessidade especial enfrenta, em todos os aspectos, durante a sua vida acadêmica.
Foi
pensando nisso que o Comitê de Inclusão e Acessibilidade da Universidade
Federal da Paraíba criou o programa Aluno Apoiador, que visa disponibilizar estudantes
para auxiliar a pessoa com deficiência dentro e fora da sala de aula, incluindo
suporte pedagógico e comunicacional, ajuda na mobilidade dentro do campus, organização
de materiais em formatos acessíveis e acompanhamento em todos os eventos
acadêmicos que o aluno necessitar participar.
O
programa funciona desde o segundo semestre de 2011, e veio passando por
mudanças e adequações para melhor atender seus usuários. Hoje, o aluno apoiador
ganha uma bolsa mensal de R$500,00, para que a atenção, dedicação e seriedade com
o projeto seja realmente uma prioridade.
A Coordenadora
do CIA (Comitê de Inclusão e Acessibilidade), Andreza Polia diz que a ideia do
programa surgiu logo no início de sua gestão. “A professora Sandra Santiago
tinha um projeto de monitoria para estudantes surdos, e foi a partir desse
projeto que eu resolvi ampliar e transformar em um programa que atendesse todas
as pessoas com deficiência”.
- O
objetivo do programa não é só oferecer apoio para alunos com deficiência, é
também criar uma cultura de inclusão dentro da universidade. Quando eu coloco
as pessoas para conviverem com alunos com deficiência, eu estou fazendo com que
elas experimentem um novo tipo de relação e uma nova forma de aprender com as
diferenças. Com isso, a gente consegue multiplicar o respeito, a diversidade, a
convivência, e o entendimento das diferenças não como uma coisa ruim ou
negativa, muito pelo contrário: ambos podem crescer nessa relação" -
afirma Andreza.
COMO ser apoiador?
Qualquer
pessoa que esteja devidamente matriculada na universidade pode participar do
processo de seleção, que acontece sempre no início de cada novo período. Além
disso, o estudante só pode apoiar um aluno que seja de turno oposto ao seu, a
menos que o candidato seja da própria turma do apoiado.
O
projeto não se limita apenas ao Campus I (João Pessoa). Hoje o programa Aluno
Apoiador está presente em todos os Campi da UFPB e atende mais de 80 estudantes
com diversos tipos de deficiência.
DO
SUPLETIVO AO BACHARELADO
Robson
Santos, que está concluindo sua graduação em Direito na UFPB, diz que o
programa Aluno Apoiador foi fundamental para o seu desenvolvimento acadêmico.
- O
projeto foi de suma importância para mim, pois vim de um supletivo no ensino
médio, e esse choque de informações pra quem sempre estudou em escola pública e
além disso veio do interior, faz com que as dificuldades dentro da universidade
aumentem. Foi pelo suporte pedagógico e o auxílio por meio do apoiador com os
materiais que eram disponibilizados em sala que eu conseguir avançar - diz ele.
Hoje,
além de está concluindo o curso de Direito, Robson representa não só as pessoas
com deficiência visual do campus, mas toda a comunidade acadêmica junto ao CIA,
por indicação do DCE.
o Comitê
O comitê
(que antes era chamado de “Comporta”) começou a funcionar extraoficialmente em
2011, vinculado à Prape (Pró-Reitoria de Assistência e Promoção ao Estudante), coordenado
pela professora Andreza Polia, do Departamento de Terapia Ocupacional. Na época,
o projeto não tinha condições de oferecer uma vida melhor aos alunos com
deficiência dentro da universidade, pois era apenas uma comissão sem condições
de desenvolver ações efetivas dentro da UFPB.
A
partir de 26 de novembro de 2013, o Comitê passou a ser vinculado ao Gabinete
da Reitoria, e ganhou mais força para desempenhar suas funções.
Hoje,
o CIA desempenha diversos serviços voltados ao acompanhamento pedagógico, e
oferece materiais acessíveis como notbooks, gravadores digitais, lupas,
cadeiras motorizadas para cadeirantes, materiais de escrita para pessoas cegas,
entre outras ferramentas de auxílio. Tudo isso para facilitar ao máximo o
aprendizado e a participação plena dessas pessoas em toda sua vida acadêmica
dentro da UFPB.
O
comitê está localizado no primeiro andar do prédio da Reitoria, e disponível
para quem desejar conhecer mais a fundo suas ações e serviços.
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