Por Samuel Amaral
José Roberto Ferreira de Oliveira nasceu em 2
de abril de 1981, na cidade de Lagoa Seca, interior da Paraíba, com cegueira
congênita. Devido à falta de estrutura da cidade natal, veio para João Pessoa
aos oito anos para estudar no Instituto dos Cegos da Paraíba. Ali, José Roberto
teve seu primeiro contato com várias modalidades esportivas: natação, futebol,
atletismo... fez quase tudo!
Certo tempo depois, em 1993, ele foi
apresentado ao Goalball pelo professor de Educação
Física do Instituto dos Cegos, que conheceu a modalidade num campeonato em São
Paulo. Ao contrário de outros esportes que foram adaptados para pessoas com
deficiência, o goalball foi criado para os veteranos da Segunda Guerra Mundial
que haviam perdido a visão.
- O goalball foi o último esporte dos que
conheci. Eu era doido pra ser nadador, mas nunca fui bom não! Sempre fui de
médio pra ruim! E aí fiquei no goalball mesmo, desde os meus 13 anos. Faz 22
anos que eu jogo - conta José Roberto.
De lá para cá, José Roberto coleciona vitórias:
“eu tenho seis medalhas com a seleção brasileira: ouro no Parapan de
Guadalajara em 2011, e no de Toronto, no ano passado. Prata em Londres e bronze
este ano. Fomos campeões mundiais na Finlândia, em 2014 e bronze no Pan da
Ibsa, que é uma instituição que organiza o esporte para deficientes visuais, em
2013, no Colorado”.
Para ter esse desempenho, José Roberto
enfrenta uma rotina intensa de treinamento: em São Paulo, nas fases de
pré-competição, o atleta chega a treinar de seis a sete horas por dia! Em João
Pessoa os trabalhos físicos na Funad e no Instituto dos Cegos são menos
frequentes, porque José Roberto os concilia com sua outra vocação: lecionar!
Ele é professor de História da rede pública municipal.
ESPORTE
E PRECONCEITOS
José Roberto conta que a prática
esportiva lhe trouxe muitos benefícios: autonomia, confiança na locomoção,
noção de espaço, e também as vantagens financeiras, já que a Seleção Brasileira
de Goalball é patrocinada pela Caixa Econômica Federal.
Nessa fase da carreira, como atleta de
alto rendimento, José Roberto já não fala tanto em superação ou inclusão, mas
em treinamento, disputa por títulos e campeonatos: “o que a gente tem que
superar são os adversários”, ironiza.
Ele afirma que “o esporte imita a vida: você
tem que lutar, buscar vencer... O esporte me dá qualidade de vida física e
mental. Quando acabar meu tempo de atleta de seleção, [que] já está bem próximo,
não vou deixar de fazer esporte”.
No entanto, apesar da carreira exitosa,
José Roberto ainda enfrenta preconceitos. Ele conta que mesmo sendo um atleta
de carreira exitosa, as pessoas só focalizam sua deficiência, sem considerar
seu alto rendimento, na lógica da competitividade.
FAMÍLIA
CAMPEÃ
Descrição para cegos: José Roberto ao lado da esposa, Dayane, que tem em seus braços a filha do casal, Amaíne, segurando o mascote Tom. |
Dayane
da Costa Oliveira, esposa de José Roberto, que também é deficiente visual,
costuma dizer que “a família, os amigos, todos que torcem por ele deveriam
ganhar também a medalha. É muito gratificante a gente passar por todas essas
etapas de treino, de ter que renunciar à maioria das coisas por conta do tempo
que ele tem pra se dedicar ao esporte, que é pouco. Então eu e Amaíne [filha do
casal, de 3 anos] sentimos muito orgulho... eu não sei nem expressar em
palavras o tamanho da emoção que é estar lá vendo o sucesso dele!”, afirma
orgulhosa.
Ele me lembra um pouquinho você, colecionador de Medalhas e de bons sentimentos :)
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