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Descrição para cegos: foto mostra a professora Joana Belarmino na mesa do debate. |
Por William Veras
O
Espaço Cultural José Lins do Rego recebeu na última quinta-feira o I Seminário
Sobre Acessibilidade ao Livro e à Leitura, que objetivou levantar discussões
sobre os mecanismos de acesso à leitura em todos os formatos, bem como o debate
sobre o acesso das pessoas com deficiência visual a determinados materiais, que
muitas vezes sofrem interferências por causa de problemas relacionados a direitos
autorais, falta de compromisso do mercado editorial em produzir livros
acessíveis para todos, dentre outros assuntos.
Sobre
isso, Joana Belarmino, deficiente visual e professora da pós-graduação em
Jornalismo na UFPB, diz que o mercado editorial não oferece espaço e tampouco
se preocupa com as pessoas com deficiência em suas produções. “Se muitas vezes
uma pessoa cega consegue ler um livro, não é pelo fato de o mercado ser bom
para as pessoas com deficiência, mas sim porque hoje existe diversos
aplicativos e dispositivos móveis que já possuem acessibilidade para que
possamos ler esses livros”, afirma Joana.
Na
qualidade de uma das palestrantes do seminário, ela estendeu sua crítica aos
livros digitais, afirmando que não há inclusão da pessoa com deficiência através
desses formatos, pois, muitas vezes, eles são lançados em padrão não compatível
com os dispositivos de leitura de conteúdo, “sem o mínimo de cuidado com a
questão de acessibilidade”.
Participaram
do I Seminário Sobre Acessibilidade ao Livro e à Leitura diversas entidades
ligadas à questão, como o Instituto dos Cegos da Paraíba, Funad (Fundação de
Apoio ao Deficiente), Universidade Federal da Paraíba, Fundação Espaço Cultural,
Fundação Dorina e a ONCB (Organização Nacional de Cegos do Brasil).
O
evento contou também com debates sobre a inserção das pessoas com deficiência
visual à leitura braile, recurso de acessibilidade que tem sido negligenciado,
principalmente se se compararmos com o vasto conteúdo de livros disponíveis nas
grandes editoras.
José
Nildo Costa, chefe do setor de braile do sistema de bibliotecas da UFPB, afirmou
que a procura de materiais impressos em braile tem diminuído muito, e isso se
deve à pouca divulgação e à falta de apoio à expansão da produção de livros
impressos em braile.
O
Seminário ainda colocou em discussão o Tratado de Marrakech, que derruba as
barreiras entre diversos países, incluindo o Brasil, em relação ao acesso as
obras protegidas por direitos autorais. Com a adesão do Brasil a esse tratado, obras
literárias dos principais autores poderão ser produzidas e distribuídas em
formatos acessíveis para pessoas com deficiência, o que antes não era possível
e prejudicava o acesso desse grupo à literatura.
O
Agosto das Letras é um evento que está sendo realizado no Espaço Cultural José
Lins do Rego desde a última quinta-feira e prossegue até amanhã, com várias
atividades ligadas a literatura como oficinas, lançamentos de livros, simpósio
e feira de livros.
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