sábado, 13 de agosto de 2016

Agosto das Letras teve seminário de leitura e acessibilidade

Descrição para cegos: foto mostra a professora
Joana Belarmino na mesa do debate.

Por William Veras


O Espaço Cultural José Lins do Rego recebeu na última quinta-feira o I Seminário Sobre Acessibilidade ao Livro e à Leitura, que objetivou levantar discussões sobre os mecanismos de acesso à leitura em todos os formatos, bem como o debate sobre o acesso das pessoas com deficiência visual a determinados materiais, que muitas vezes sofrem interferências por causa de problemas relacionados a direitos autorais, falta de compromisso do mercado editorial em produzir livros acessíveis para todos, dentre outros assuntos.


Sobre isso, Joana Belarmino, deficiente visual e professora da pós-graduação em Jornalismo na UFPB, diz que o mercado editorial não oferece espaço e tampouco se preocupa com as pessoas com deficiência em suas produções. “Se muitas vezes uma pessoa cega consegue ler um livro, não é pelo fato de o mercado ser bom para as pessoas com deficiência, mas sim porque hoje existe diversos aplicativos e dispositivos móveis que já possuem acessibilidade para que possamos ler esses livros”, afirma Joana.
Na qualidade de uma das palestrantes do seminário, ela estendeu sua crítica aos livros digitais, afirmando que não há inclusão da pessoa com deficiência através desses formatos, pois, muitas vezes, eles são lançados em padrão não compatível com os dispositivos de leitura de conteúdo, “sem o mínimo de cuidado com a questão de acessibilidade”.
Participaram do I Seminário Sobre Acessibilidade ao Livro e à Leitura diversas entidades ligadas à questão, como o Instituto dos Cegos da Paraíba, Funad (Fundação de Apoio ao Deficiente), Universidade Federal da Paraíba, Fundação Espaço Cultural, Fundação Dorina e a ONCB (Organização Nacional de Cegos do Brasil).
O evento contou também com debates sobre a inserção das pessoas com deficiência visual à leitura braile, recurso de acessibilidade que tem sido negligenciado, principalmente se se compararmos com o vasto conteúdo de livros disponíveis nas grandes editoras.
José Nildo Costa, chefe do setor de braile do sistema de bibliotecas da UFPB, afirmou que a procura de materiais impressos em braile tem diminuído muito, e isso se deve à pouca divulgação e à falta de apoio à expansão da produção de livros impressos em braile.
O Seminário ainda colocou em discussão o Tratado de Marrakech, que derruba as barreiras entre diversos países, incluindo o Brasil, em relação ao acesso as obras protegidas por direitos autorais. Com a adesão do Brasil a esse tratado, obras literárias dos principais autores poderão ser produzidas e distribuídas em formatos acessíveis para pessoas com deficiência, o que antes não era possível e prejudicava o acesso desse grupo à literatura.

O Agosto das Letras é um evento que está sendo realizado no Espaço Cultural José Lins do Rego desde a última quinta-feira e prossegue até amanhã, com várias atividades ligadas a literatura como oficinas, lançamentos de livros, simpósio e feira de livros.

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