Por Fernanda Mendonça.
Personagens pálidos, repletos de
defeitos, fora dos padrões. Assim são Mary e Max, protagonistas de uma animação
inspirada em fatos reais que muito tem a ensinar aos adultos sobre as
deficiências do ser humano.
Mary e Max - Uma Amizade Diferente (Austrália, 2009, direção de Adam
Elliot) conta a história de Mary Dinkley, uma solitária menina de oito anos que
vive na Austrália, e Max Horovitz, um judeu nova-iorquino de 44 anos que tem
Síndrome de Asperger (uma variação do autismo).
A amizade entre duas pessoas
aparentemente distintas começa quando Mary escreve uma carta para um endereço
aleatório dos Estados Unidos a fim de saber a origem dos bebês. É por meio
dessa carta que Max conhece sua primeira e única amiga - e essa amizade é
correspondida por quase duas décadas.
São muitos os temas discutidos durante
o filme: solidão, amor, amizade, obesidade, traumas infantis, interação social,
diferenças sexuais e religiosas, alcoolismo, compulsão, pânico e o que é a
Síndrome de Asperger. Apesar de tratarem sobre assuntos complexos e adultos,
Mary e Max têm a inocência e simplicidade de criança.
Com um pai ausente e uma mãe
alcoólatra, Mary vê em Max uma pessoa capaz de responder a todos os seus
"por quês". Entretanto, Max passa por um misto de sofrimento e
alegria a cada carta recebida. Mary o faz lembrar-se de momentos angustiantes
de sua vida, como o preconceito que sofria quando jovem. Devido a seu bloqueio
em interpretar sentimentos, Max teve que superar seus limites para, de alguma
forma, ajudar sua amiga.
Orgulhando-se de ser um
"Aspie" (como carinhosamente se intitula), Max também ensina o que é
aceitar-se. Apesar de os médicos o chamarem de incapacitado e tentarem o
"curar", o personagem acredita que cada um tem suas dificuldades, e deve
aprender a lidar com elas. Afinal, seres humanos não são perfeitos - e isso
pode ser provado por Mary, com seus óculos de grau, ou por seu vizinho, que
sofre de gagueira.
O que Mary e Max têm a ensinar é que
todos são capazes de superar seus limites se puderem compreender uns aos
outros. Max teve a sensibilidade para perceber as angústias e tristezas de
Mary. Ela, por sua vez, viveu a luta de compreender a mente de uma pessoa com a
Síndrome de Asperger
Mary e Max souberam respeitar suas
diferenças e conseguiram achar pontos comuns para viverem uma grande amizade.
Ser sensível com as diferenças, sejam elas diagnosticadas ou não: essa é a
maior lição que Mary e Max - Uma Amizade Diferente tem a
passar.
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