quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Deficiência e direitos humanos

  Por Larissa Maia

Imagem da internetDescrição para cegos: ilustração de cadeirante



  Henrique Jorge Simões é professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e coordenador do projeto “Deficiência e Direitos Humanos”, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da instituição. A ação de extensão, que surgiu em fevereiro de 2017, tem como proposta qualificar docentes, profissionais, estudantes de Psicologia e áreas afins para uma atuação profissional “mais crítica na sociedade, pautada no reconhecimento e valorização das especificidades dos diferentes grupos humanos e na luta por sua igualdade social, especialmente as pessoas em situação de deficiência”, como explicou o coordenador. 
  Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU 2006), a deficiência deixa de ser vista apenas como uma questão privada e individual para se tornar uma questão social e política e as pessoas com deficiência também passam a ser definidas como “aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas”.  
  O objetivo do projeto é aprofundar o estudo sobre esse tema, formando professores, estudantes e profissionais de psicologia e áreas afins, além de desenvolver práticas e políticas relacionadas às Pessoas em Situação de Deficiência (PSD) e formar um grupo que preste assessoria e consultoria de políticas para deficientes. As últimas ações formaram cerca de 20 pessoas. 
  Os principais organizadores do projeto estão vinculados ao Curso de Psicologia da instituição: Professores: Henrique Jorge Simões Bezerra e Sandra Leal de Melo Dahia e os alunos Heitor Marinho da Silva Araújo; Jadson Rodrigo Silva Gomes e Gabriela Farias Nazário Oliveira. 
  Foram organizadas, também, conferências, mesas-redondas e diálogos a partir das perspectivas de cada participante, que, após as ações, desenvolviam estudos a partir de textos e documentários, produziam críticas e questionamentos que geravam rodas de conversa. 
  Para a próxima edição do projeto uma das principais ideias é trabalhar com foco nas pesquisas, projetos e ações que estão sendo realizadas atualmente por diferentes grupos de docentes, técnicos e estudantes da UFPB. 
  Ainda de acordo com o coordenador do projeto, Henrique Simões, quase todas as pessoas terão, de forma temporária ou permanente, uma deficiência em alguma fase de sua vida, considerando, principalmente, o envelhecimento da população mundial. “Trata-se, portanto, de uma realidade muito mais presente e próxima do que muitos imaginam ou esperam” e completou, “o interesse acadêmico e social pela deficiência tem crescido substancialmente nos últimos tempos em função não apenas desta sua maior incidência no mundo, mas também da organização dos deficientes na luta política por seus direitos”. 
 Para Jadson Gomes, estudante da Universidade e deficiente, o projeto veio agregar uma teoria experienciada na prática. Além da importância pessoal, a formação de profissionais e estudantes que contribuam para a formação de cidadãos que visam fomentar uma sociedade crítica ao modelo atual no qual vê a pessoa em situação de deficiência. 
  Também participante do projeto e beneficiária da ação, Isadora Maria enxerga uma extrema importância no trabalho do projeto e explicou que deveria haver a participação de todos os estudantes universitários, já que possibilita o conhecimento e a reflexão acerca da luta dos direitos das pessoas com deficiência.  
  “A ação proporciona outros olhares e percepções sobre o que é a deficiência na sociedade e que a compreensão de que a deficiência não se trata de uma característica “deficitária”, que é apenas da responsabilidade do sujeito que a tem, mas sim uma relação entre a característica e o nível de inclusão da sociedade a qual ela pertence. “Uma sociedade que é de fato inclusiva, provavelmente, a “deficiência” não seria nem percebida”. Para Isadora, a ação se faz necessária por conscientizar sobre a importância do envolvimento de toda a sociedade na luta das pessoas com deficiência. “É uma responsabilidade de todos nós”, declarou a estudante. 

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